Can we have a Portuguese literature and Portuguese critic thread? If yes, just post your work and offer criticism

Can we have a Portuguese literature and Portuguese critic thread? If yes, just post your work and offer criticism.

Also, I have a question for the Anons who work with poetry:

I have heard many theorists say that the greatest verse metric of our language is the decassílabo, the meter on wich, as you know, Camões wrote Os Lusíadas. However, whenever I pause to ponder on how inferior our poets are (in general, with exceptions, of course) when we compare them to the poets of the English language, I often come to the conclusion that, because English have shorter words and, therefore, can accommodate more thought and imagery into a single poetic line, they usually have more space to work when they write poems. Just do an experiment if you do not believe me or don’t understand what I am saying: try to translate a Shakespearean sonnet into Portuguese, but keep the 10 syllable metric of the decassílabo: you won’t be able to do that, no matter how much you try – the English lines simply accommodate much more words and thoughts.

So, facing this problem, I was thinking: shouldn’t we make of the 12 syllable line meter our top poetic metric? I think we should use more of the Alexandrino (or dodecassílabo) than the decassílabo, and consequently have more space to work with thoughts and imagery.

Will post some stuff to get the thread going:

Por tantas vezes
Já vi, cheirei, provei a guerra que
Os órgãos da sensibilidade em meu cérebro
Estão todos curtidos, todos secos.
O demônio vagou por sobre a Terra
E entre suas pegadas me arrastei.
Vi homens possuídos pela fome
De matar: o crepúsculo da mente,
Quando todos os lobos saem da toca
E em esquilos e lebres a empatia
E o raciocínio minguam, quando os corações
Em frutos de saliva e dentes apodrecem.
Nos rostos enrugados pela fúria
Espumava o animal, o lodo, a besta,
O macaco: nas frontes entortadas
Em maremotos faciais reacendiam-se
As memórias caninas de uma raça
Comedora de sangue, essa peluda
Reincarnação das eras de leis mudas.
E então, em meio à luta, o fumo, o som
O sangue, a cólera, eu parava, olhava
Para o lado, e nos via, e éramos,
Nós todos, canibais.

KUMORI: Parasitas jamais nos roubam de nós mesmos,
Embora se alimentem do que somos.
Podem até sugar as pulsações
De nossos corações rumo ao silêncio,
Mas jamais serão nossos corações;
A sanguessuga que bebe o bater
De nossos peitos pode até engordar
Em víbora, mas não vai ulcerar
A pérola de um cerne honrado e digno
Em cabeça-de-peixe apodrecida.
Você é doce, gentil, vivaz, valente,
E o monstro de seu pai não teve forças
Para plantar um só fragmento sujo
De si mesmo em você.

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

YOKO: Fico confusa
Ao pensar nele: é meu pai, e eu devia
Amá-lo, ou sentir pena de seus crimes,
Porém a imagem dele, quando irrompe
Em minha mente a enseba apenas com
Fedor de raiva e medo, e nada mais.
O estupro é uma das obras-primas da violência,
É aquilo que aprendemos a esperar
De Monstros, mas quando seu próprio pai
É quem comete o crime, e numa idade
Na qual ele é ainda o seu herói,
Seu protetor...É como se o seu Deus,
Que você crê tê-la criado com afeto
Infinito, voltasse agora apenas
Para colher seus órgãos como frutos
Quentes, eviscera-la ainda viva
E você, cega, confundisse cultivo
Com amor: que selvagem decepção,
Frustração visceral! É quase como
Ver Deus rachar os céus, rasgar as nuvens
Para buscar você, a sua filha,
Mas não para abraçá-la e confortá-la,
Mas perfurá-la com o espinho de um relâmpago
Por várias horas, rindo da tortura,
Assim como o menino mais cruel
Da aldeia quando encontra um pobre sapo e passa
A picá-lo com um palito ou farpa.
O anjo azedou-se num fauno.
Eu pensava, ao olhar para meu pai:
“Eu achava que dentro de você
Havia tanto amor, tanta alegria,
Tanta beleza...Tola, fui tão tola!
Eu devia saber que você era vazio,
Ou melhor, que era uma caverna escura e fétida,
E sua alma uma gorda salamandra,
Sem consciência, compaixão, carinho
E apego, mas apenas fome cega”.

HARUT: Vou renascer em chamas como a fênix*,
Que possui gratidão e amor maiores
Do que a mãe que dá a luz ao seu bebê,
Sabendo que naquela vidazinha
Que ali chora, vestida com seu sangue,
Jaz a origem de seu amor mais forte,
O ímã e razão de seu viver;
Sim, serei como a fênix, que supera
Esse amor, pois a si mesma da à luz.
Após morrer devora o próprio corpo:
Em rubi espumoso ferve o sangue;
Em novo trigo a carne idosa queima:
O grisalho falcão de cinzas morre
Em águia de ouro, que o próprio sol cega.

-x-x-x-x-x-x-x-x

Porém eu me pergunto: mesmo vivos
Nós não estamos sempre sós? E se
Toda a jornada da existência não
Passa de um exercício e treino brando,
Um ensaio adoçado e diluído,
Aulas diárias na arte de partir
Para que, com a solidão da morte,
Nós nos acostumemos, pois nascer
É naufragar em ilha abandonada.
Estamos exilados, todos nós,
Na solidão de nossos próprios cérebros.
Um arquipélago composto por
Bilhões de mentes: eis a humanidade;
Incalculáveis grãos de vida e flocos
De existências que foram salpicados
Sobre golfos sem fundo e mar de abismos –
A distância e mistério intransponível
Entre o tu e o eu. Nós estamos todos
Presos em nossa própria mente e espírito;
Somos ilhas que podem meramente
Ser espiadas, nunca visitadas;
A geografia interna só é tocada
Por telescópios; eus nunca se fundem.
Palavras, gestos, atos: são o odor
E os sons de nossos âmagos, mas nossos
Âmagos, não há quem possa explorá-los
Que não nós mesmos: nossa selva é apenas nossa.
A nossa própria pele é uma perene
Cela insolúvel, pois o eu não tem
Portas, apenas a ilusão de portas.

You mean this excerpts:

?

Yes, I wrote them. Any advice is welcomed. I need to work more on concision.

I will post one more thing:

onólogo de um ditador que percebe que a vida dele é apenas matar e torturar seu caminho em frente, que tudo o que ele agora faz é se arrastar por um pântano de sangue e violência e que viver não tem qualquer sabor, mas é só uma teia sem fim de ansiedade e tédio. Ao destruir centenas de vidas para engordar com o poder o homem acaba por gangrenar sua própria existência, e atinge uma visão sobre a vida extremamente sombria e pessimista. Eis o trecho:
Meus deleites se encontram todos mortos.
Meu cacho de amanhãs, meus sóis ainda
Não nascidos, já são todos abortos
De tédio, ansiedade e violência,
Eternidade de matança e mofo
No útero sangrento do futuro:
Meu horizonte hiberna em podre vinho.
De naufrágio em naufrágio arrasto o espírito,
Forço minha carcaça a mastigar
Cada minuto e ignoro a azia de existir.
Eu vago num anêmico deserto
E procissão sem fim de sóis raquíticos.
O tempo coagula em desbotado
Caminhar de cadáveres: meus dias,
Pois dias mortos chocam dias mortos,
E dias mortos chocam dias mortos,
Numa marcha sem fim na qual torturas
Frescas, suando sangue ainda quente
Caminham sobre os fósseis de agonias
Ancestrais, e essa grande e podre pústula
Aberta que é meu reino jamais cala
Seu cântico sangrento, que haverá
De fluir até a quebra da ampulheta
Misteriosa que chamamos tempo.
Minha vida é também minha prisão;
Levantar-me do leito é uma tortura:
A remelenta luz da aurora invade-me
Com náuseas, a tal ponto que desejo
Que a noite se coroe eterna e o sol,
Com seu sorrir, não mais corroa as trevas,
Mas que nelas se afogue a humanidade
E que cada botão de vida seja
Sufocado em silêncio. A vida, que é ela?
A vida é um sonho breve e sombra suja,
Pesadelo que cria carne e, por
Um grão de pó e efêmera faísca
Do tempo, guincha, uiva e se contorce
No palco poluído da existência
Até que um simples sopro o solve em fumo:
O hálito do morrer derrete a chama
E no pavio da vela resta o eclipse.
A vida é uma doença que ferroa
O espantalho grosseiro da matéria
Inanimada e faz com que perceba
O próprio absurdo e ausência de sentido;
Relâmpago que ruge o estrondo e caos
Fugaz de sua voz e então mergulha
Novamente no eterno pântano das trevas
E infinito silêncio do vazio;
É uma frenética fagulha e tocha
Confusa, um chimpanzé de fogo fátuo
Ilhado em selva escura, que o reabsorve
Antes mesmo que a pobre besta invente
Algum sentido para o clarão súbito
Do ser, sua existência: a caravela
De bolha de sabão que, sem destino,
Navega por um mar de insossa névoa;
Nau de nada, que o nada concebeu
E que no nada se afoga.

>I have heard many theorists say that the greatest verse metric of our language is the decassílabo, the meter on wich, as you know, Camões wrote Os Lusíadas. However, whenever I pause to ponder on how inferior our poets are (in general, with exceptions, of course) when we compare them to the poets of the English language, I often come to the conclusion that, because English have shorter words and, therefore, can accommodate more thought and imagery into a single poetic line, they usually have more space to work when they write poems. Just do an experiment if you do not believe me or don’t understand what I am saying: try to translate a Shakespearean sonnet into Portuguese, but keep the 10 syllable metric of the decassílabo: you won’t be able to do that, no matter how much you try – the English lines simply accommodate much more words and thoughts.
>So, facing this problem, I was thinking: shouldn’t we make of the 12 syllable line meter our top poetic metric? I think we should use more of the Alexandrino (or dodecassílabo) than the decassílabo, and consequently have more space to work with thoughts and imagery.

Eu próprio escrevo em geral usando decassílabos, porém muitas vezes eu permito que dodecassílabos também entrem no meio dos versos mais curtos. Eu venho fazendo isso cada vez mais e mais, como nos trechos que postei acima.

Eu pretendo passar a usar o dodecassílabo nas próximas obras que escrever, embora ainda tenha dúvidas sobre a facilidade de declamação de tais versos num teatro. Acho que não teria problema para os atores, e realmente: adicionar apenas duas sílabas faz um mundo de diferença, permite construir metáforas mais complexas e detalhar melhor os versos.

Obrigado ;)

bump

I like Brazilian literature.
They're very nationalistic.

Try brazilian poetry, Alberto da Cunha Melo, Bruno tolentino, Mamuel bandeira, Raul de leoni and so on. If you want to see why poetry written in portuguese is superior read Augusto dos Anjos. He has many wonderful sonnets. i'm particular fond of Sonetos ao Pai and Arvore da Serra.

Also, all Alexandrines are dodecasyllables, but the inverse is not true!! Read Tratado de Versificação - Guimarães Passos and Olavo Bilac for more info on portuguese versification.

Tomorrow I'll check the thread again. Cya and good readings

Está tendendo demais para a prosa poética, que eu desgosto. Trabalhe mais com rimas e aliterações. O trabalho do poeta não é apenas transcrever seus sentimentos casuais, é construir um texto e poli-lo até que se torne a melhor versão que ele poderia ser. Além disso, gostaria de ver um pouco mais de factualidade aqui, algo que eu possa me identificar e me unir com a humanidade. Por outro lado, se você deseja uma referência para o seu estilo atual recomendo Eduardo Galeano.

Se eu fosse apontar aquele que me parece o melhor autor de nossa língua eu diria que é Fernando Pessoa

Irmãos lusófonos, I am a sapniard looking for recs on brazilian and portugese lit. I have only read Pessoa's poems which I really loved, but this time I'm looking for prose recommendations.

For reference, some of my favourite authors are Bolaño, Woolf, Cortázar, Flaubert and Joyce.

Apologies for hijacking the thread, but I figured this is where people will be more knowledgeable about the subject.

José Saramago

Read something by António Lobo Antunes, Almeida Faria, Clarice Lispector, Short stories from Machado de Assis, Vergílio Ferreira.

Also, read Pessoa, the book of disquiet is prose and it may turn out to be the greatest book you've ever read in your life.

Question:

Are either of these two people here right now?

1. Brazilian lawyer guy writing long verse
2. Portugese lawyer guy who quit to work in a coffee shop with a qt lawyer gf

Obrigado

Yes, I'm number two guy. Why? And my gf is not a lawyer, she's a judge.

I'm actually almost finishing my furst book. three chapters left.

I just remembered you and figured you'd be lurking.

Glad to hear it's going well. Have you contacted any publishers? What's it about?

I need to finish it until mays 31st in order to apply for a literary prize (which I won't win).

After that I'll start contacting publishers. It's lucky I was lurking. Currently took 10 days of vacation to finish the book, just waiting for lunch to settle before going to write.

What's the book about?

What's the book about?

Are you still at the coffeeshop?

How many words is it?

it will have the 40 thousand words minimum. I've been writing it for 6 months.

It's about the search of a group of people for a girl after a civil war, but that's really just an excuse for the narrative. I tried to have fun writing it, because if I didn't have fun I would have not been able to write it at all.

It has been a crazy project. I feel I need to rest a bit in June. Should have done more words, though. And yes, I'm still working at nespresso.

Is there any lurking Brazilian in here who sent an entry to the SESC de Literatura 2016?

I'm just waiting to know I didn't even make to the pre-selection list.

Start with Otto Maria Carpeaux's História da Literatura Ocidental.
PS: does anyone know if there is a Portuguese version of "Amadis de Gaula"?

What happened to brazilian literature?
We went from Machado de Assis, Guimarães Rosa and Nelson Rodrigues to Chico fucking Buarque and Márcia "how to speak to a fascist" Tiburi.

Anyone else here discouraged from reading Brazilian literature because of how humid and sweaty that place is? Even if I read the name of an author who is based in the US but has a name which sounds Brazilian I am likely not to read his work.

Chico fucking buarque is a great lyricist and only that.
One of his novel is basically a copy (and awfully done) of Machado's themes.

This is what happens with massification of culture read this: www.hannaharendtcenter.org/can-we-survive-entertainment/

Basically most of our writers are only writing because they have some status on other field (music, politics or being a tool for our humanities deparment) and because of that they get enough exposition to be "sucessfull".
There isn't a writer in the true pursuit of literature. Or, if we have one, it is still in the shadows.


Also, as I said earlier, everyone should read Augusto dos Anjos.

Amigos brasileiros, vale a pena buscar uma formação em Letras aqui no Brasil?

Identifico-me um tanto com as palavras do ao dizer que se há alguém em busca de fazer literatura em nosso país, este ainda está nas sombras. Confesso que aspiro ser uma dessas almas que, em algum futuro distante, poderá dizer-se "escritor". No entanto, vivo em um vaivém entre um emprego que não aprecio muito e noites dedicadas à leitura e escrita que dificilmente produzem algo de relevante. Penso que se eu pudesse ao menos trabalhar como professor ou tradutor no futuro, isso poderia me ajudar a manter-me no caminho da literatura sem que ora ou outra eu venha a passar fome ou algo similar.

>Are either of these two people here right now?
>1. Brazilian lawyer guy writing long verse

Yes, I am here. I posted these excerpts yesterday:

I am still writing long speeches and un-concise poetic dialogues; I am learning to cut right now, but I still have a lot to learn. It is just so hard to cut off material that seem good to you – the father of the child – but that are, when you really think about it, pointless and unnecessary for the plot and the play.

>to Chico fucking Buarque

We should respect this man. I never read any of his books, but his lyrics are some of the best ever written. He outshines by far famous lyricist like Bob Dylan and Lennon-Mccartney. He is able to tell stories and tales in the few lines of a song, to bring characters to life in just a few minutes: that is a great capacity. And just look at this verses:

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

I am proud of having him as a fellow Brazilian.

1/2

Era uma tarde fria de julho, e Montag caminhava lentamente pela calçada. O céu já estava alaranjado, perto do anoitecer. Perto de onde passava havia um pequeno grupo de pessoas sentadas em volta de um pequeno recipiente de metal cheio de gasolina, e aceso. Um deles, empolgadamente contava uma história, à qual os outros escutavam atentamente. Perto deles havia um cachorro vira-lata, dormindo. Cenas assim eram comuns, pequenas senpaiílias aproveitando o entardecer para se aquecer e se divertir. Não eram senpaiílias reais, de sangue, mas sim pequenos grupos de pessoas que viviam juntas e separadas de outros. Montag também fazia parte de uma senpaiília, porém grande, e moravam todos juntos em um local fixo. Alguns poderiam falar que a forma como viviam era "comunista", mas isso é debatível. Todos viviam juntos, cada um encarregado de um trabalho específico para beneficiar toda a senpaiília. Montag era encarregado da caça, de conseguir a carne para a senpaiília. Embora não fosse o único, havia ido sozinho durante aquele dia.
Apesar de uma grande parte da população viver desta forma, ou seja, sem um líder ou um grupo de líderes, fato que caracteriza o anarquismo, alguns ainda viviam em grupos com líderes. Porém eram pequenos grupos, praticamente não notados pelas pessoas.
O anarquismo foi instalado neste país (quando digo país, me refiro à localização geográfica, uma grande parte de terra divida por fronteiras naturais, ou raramente, artificiais) após uma insurgência. Previamente, o Estado havia imposto uma ditadura, a qual durou vários anos. Um grupo rebelde, com várias repartições pelo país, organizou um ataque aos principais pontos de poder do estado, derrubando o ditador e outras grandes figuras. Logo após, utilizaram um método muito astuto para eliminar completamente líderes. Usando forte propaganda, através de jornais, rádios, e televisão, impulsionaram a população, que há anos nutria forte ódio pelos líderes, à atacar qualquer figura que representasse poder perto delas. A propaganda feita pelos insurgentes foi apenas o impulso inicial, basicamente uma espécie de "Permissão" concedida, já que todos haviam ao menos um motivo para odiar seus líderes e carrascos. Alguns, porque perderam pessoas queridas para os assassinos do estado, outros, por terem sido separados, e alguns simplesmente pela falta de liberdade de expressão e ação. Logo, o que se seguiu foi um massacre e selvageria grotescos. Os líderes, que tinham costume de enforcar rebeldes em praça pública, eram açoitados e humilhados pela população. Alguns, mais cruéis, após dias de tortura, queimavam-os em praça pública, para alegria da população. Todos estes atos, tão absurdos e desumanos, até hoje não são brevemente mencionados pelos que participaram. Tem medo de si mesmos pelo que fizeram.

2/2

Apesar de o golpe ter sido muito bem planejado e executado, tanto antes e depois houve grande confusão. Primeiro, o que seria feito após a eliminação do estado? Nunca a humanidade havia presenciado tal fato. As massas acreditavam que, seguindo o exemplo de outros ditadores depostos, a república seria instalada e viveriam conforme outros países. Mas os insurgentes não permitiam tal fato. Não elegeram novo presidente, mas instalaram a anarquia. Os principais motivos da anarquia ter sido escolhida até hoje permanece um puco confusa. Se perguntar a alguns, dirão que não está confusa, mas é óbvio que a anarquia foi escolhida por ser o estado natural do homem. Respeitosamente, nego essa afirmação e os ensino o que penso ser verdade.
Os principais motivos foram, a ignorância e a excitação de todos perante o governo desbancado. Após tantos anos aprisionados, vivendo como passáros em gaiolas, controlados pelo Estado totalitário, a cólera crescente pela minoria poderosa levou à um ódio cego e ignorante. Quando se odeia toda forma de poder, a inexistência de uma forma de poder parece a ideia perfeita. Logo, cegos pela ideia de viverem livres, instalaram a anarquia, e abominavam aqueles que desejavam a ordem em sociedade. Porém, como disse o Grande Inquisidor, "Não há nada mais desejável e mais doloroso para o homem que a liberdade".

GOAT Portuguese poem coming through:

Rua Nascimento Silva, cento e sete
Você ensinando prá Elizete
as canções de canção do amor demais
Lembra que tempo feliz, ai que saudade,
Ipanema era só felicidade
Era como se o amor doesse em paz
Nossa famosa garota nem sabia
A que ponto a cidade turvaria
este Rio de amor que se perdeu
Mesmo a tristeza da gente era mais bela
e além disso se via da janela
Um cantinho de céu e o Redentor
É, meu amigo, só resta uma certeza,
é preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o amor

Seu estilo parece algo didático. É proposital? Pergunto porque me lembra estar lendo algo vindo de um livro de história em alguns trechos. Confesso que teria achado mais interessante ler o contexto apresentado pela visão do personagem que introduziu no começo do texto, mas que em seguida foi liquefeito pelo apanhado geral de todas as questões. Não que isso seja um problema, às vezes há necessidade de apresentar fatos ao leitor. No entanto, as coisas que o personagem vê e sente ao seu redor tendem a ter um impacto maior. Boa sorte na escrita, user.

Não, não foi proposital. Realmente, agora que eu reli, tem um ar muito neutro e descritivo. O alvo da minha estória era mostrar o contraste de ideais do protagonista com o antagonista e os outros personagens, mas o protagonista é abandonado logo ao início do texto.

Obrigado senpai, vou continuar tentando

Começo de um capítulo do romance que tenho escrito onde tento usar imagens para descrever a confusão do protagonista em relação aos seus arredores:

Pensamentos descreveram senoides, uma onda de rádio em alguma frequência desconhecida. Uma coisa disforme olhando para o abismo e que em seguida cai para sempre. O vento frio descortinou o palco onde residem as profundas reflexões e, por assim as serem, ficam escondidas em camadas de coisas triviais sempre ditas, anuências e respostas autômatas que se amontoam antes que a voz soe. Uma força invisível pareceu empurrar Estêvão para sabe-se lá onde. No céu Plêiades despontava timidamente seu sete-estrelo por detrás da neblina que começava a cobri-la com seus mantos vaporosos. Enquanto os olhos estavam presos na constelação que naquela noite possuía algo de inexplicável aos olhos de seu observador, uma chusma de brilhos surgiu na escuridão como cacos de vidro se esparramando, despedaçados por uma fúria insondável no silencioso, cada qual seguindo para uma direção riscando o quadro-negro do espaço com suas caldas azul-claro.

“Estrela cadente? Chuva de meteoritos? O fim da raça humana?”, pensou ele, nutrindo esperanças de que o último tivesse algo de verdade. E como o resultado de algo que não se compreende bem, mas faz-se lógico acreditar que à sua conclusão uma explicação detalhada será entregue em um envelope dourado aos que nele meditam, assim os pontos faiscantes ao alto desapareceram, e se havia alguma explicação para tais, esta nunca foi dada.

>tentando ser escritor no Brasil
>2016: ano do impeachment
Que piada.

>he's not writing in english and planning on publishing overseas

Ricardão literal

>missing out based Machado de Assis, Jorge Amado, Drummond de Andrade and many others
Your loss, /pol/

Como se a situação fosse tão melhor lá fora. A desilusão desses crioulinhos em fios de crítica é extremamente satírica.

>não apenas escrevendo pelo prazer de escrever
Negro por favor

Amigo, você não tem nem a destreza para perceber conotações de uma palavra e quer fazer implicações sobre o ato da escrita? Pelo amor de Deus.

Hey, man, good to see you. Last time we had a chat here was two years ago I think. I don't visit Veeky Forums anymore, so I thought I would never hear from you again. Lucky to come back the day you appear too.

How is your book coming? Was it released yet?

About Chico: unfortunately I've read three of his books. Unfortunately. He is a really gifted composer, unique in fact. But as a writer...

this is pathetic.
Vinicius greatest contribution was the Afro-sambas with Baden Powell.
And Tom greatest one was Chega de Saudade.

Both of them music, not poetry.
How dare you compare a poet to a lyricist?
Get out of this thread you fuckin philistine.

Chico Buarque writing is like Drummond with short stories. He (Chico) should keep composing.

What literary prize?

Procurando opiniões sobre o excerto seguinte:

Siraco, quando confrontado com a confusão do companheiro, é lesto a mostrar-lhe que há grupos em Valmude a proceder a uma interpretação séria do sentimento de Jaime – entendido como, aliás, um sintoma – que aflige, para além dele, muitos outros insuspeitos e anónimos cidadãos. Nesta fileira de apartamentos de semblantes acastanhados e cinzentos, os cortinados, esfumando-se atrás das vidraças geometricamente encaixilhadas das janelas, deixavam apenas antever penumbra e vultos indiscerníveis, embora no interior a história seja outra; as escadas de madeira seguem, curvando-se para cima e para baixo, para as entranhas do edifício, onde convivas engravatados e jovens preocupados percorrem os diferentes apartamentos alcatifados, de portas abertas, cada um apenas diferente do outro pela disposição e formato das mesas, estantes, cadeiras e candeeiros. Convencidos de que os efeitos da bomba tinham provocado distorções não apenas no espaço mas, também, no tempo – uma inevitabilidade, bem vistas as coisas, e assim aceite como plausível pela sociedade – estes cidadãos de Valmude colocavam-se não só em realidades e presentes diferentes como, alguns, em realidades diferentes de futuros possíveis. Primeiro, centro de auto-ajuda. Cerca de uma dúzia de semanas depois (dependendo da opinião) todo o edifício tinha sido apossado pelos perdidos no tempo, em ininterrupto crescimento, e os seus desígnios aumentavam. Agora, para além da conversão dos apartamentos, as salas da cave eram usadas por grupos de trabalho com o objectivo de documentar as visões do presente e do futuro de cada membro e, com essas informações, compreender onde se situava o tempo e realidades mais comuns, entendendo-os como correctos; daí, partir para a previsão do futuro, descartando os que parecessem mais anómalos ou destacados do presente intuído. Embora convencerem-se a si próprios de que tinham encontrado o presente certo não de pouco ou nada servia uma vez que continuavam a não conseguir sair dos seus próprios presentes concluiria Jaime, nas semanas seguintes em que o assunto lhe ocupou o pensamento, portanto para quê darem-se ao esforço. A maioria não contestava o mundo à sua volta, sentiam apenas que deviam estar no Outono, no Inverno ou no Verão em vez de no fim da Primavera. Para uns, a guerra tinha acabado há quase dois anos; para outros, há pouco mais de um. Este tipo de distorção de realidade parecia estar, no entanto, apenas confinada às paredes de Valmude. A enfermidade, ou a mania, transmutada em idiossincrasia. Não se sabe muito bem quando, mas tornara-se em algo chique. O edifício acabou por ser comprado pela Fundação dos Perdidos no Tempo, formada por alguns dos membros originais, com reuniões diárias, palestras e concertos, um par de cafés nas cozinhas do primeiro esquerdo e terceiro frente. Esplanada no terraço negro.

Está aborrecido? Mudariam algo?

Leya. one hundred thousand euros. I won't win, I'm sure of it, but with one hundred thousand euros on the line, there's really no harm in trying.

Sinceramente eu não sei.
Pensei em abandonar engenharia para dedicar-me completamente ao estudo da língua e ao estudo da literatura (principalmente a nossa).
Entretanto...
Falta-me coragem para vencer o mar de infortúnios reservados não só ao escritor sério em seus estágios iniciais, mas em particular a situação geral dos departamentos de humanas e sua burocracia e jogos de poder. Se a experiência da universidade me ensinou algo, foi de que a estrada para a busca do conhecimento é deveras dificultosa e vale mais a pena ser uma marionete e dançar conforme a música.
Algum pioneiro tem de sair e mostrar que é possível ser sério no Brasil.
Eu não tenho condições (não só financeiras, mas principalmente espirituais) para trilhar este caminho só. A estrada é amarga.

Voltando para seu caso, talvez a universidade mate sua motivação, tive um professor de literatura - ainda no ensino médio, que comentou sobre um concurso para ser professor de uma universidade.
Tudo foi engendrado para que só houvesse um candidato! Ele descobriu por acaso ao visitar o site do departamento, havia um link para o edital do concurso que retornava um erro 404, depois de ligar para o departamento lhe foi informado que não se tinha informações desse concurso e ele deveria tentar entrar em contato com os responsáveis pelo departamento, os quais não estavam no momento. Dois dias depois ele foi na universidade e acabou por encontrar uma conhecida que estava se inscrevendo no concurso! Naturalmente a situação foi aproveitada e ele também se inscreveu (findado o tempo de inscrição, só duas pessoas estavam se candidatando).

Depois do resultado, de observar toda a obscuridade do processo de seleção e principalmente, depois de saber que essa conhecida foi aluna do mestrado e doutorado com um dos chefes do departamento ele percebeu que desde o início ele não tinha esperança de aprovação.

Chame de jeitinho brasileiro ou de corrupção pura e simples, mas por aqui só o cardo medra.

Apesar de todas estas palavras, espero, verdadeiramente, que sejas o pioneiro de que falei e consigas vencer toda as penúrias que o futuro lhe reserva.

Probably the same thing that happened with brazilian movies, we had glauber rocha and now the most promising guy is Kleber Mendonça who made a 10/10 movie but is rather unknown by everyone besides people who go to film festivals

There's some good guys, Miltom Hatoum is brilliant.

bump

I heard about this contest here in Brazil. Is 40k words enough to send an entry?

> Tom greatest one was Chega de Saudade.

no that's Aguas de Marco

It has no minimum limit. 40 is my minimum limit.

I wanted to send mine, but since I sent it to the SESC prize I'd only be able to do it in June. Anyway, good luck, man. Wish you the best.

bump

Thanks. 40 thosand is still short, but I'll give it a go anyway. I'm only 10 thousand short of my objective and should wrap everything up by a week or so.

And also, best of luck to you!

Thanks. These literary prizes seems to be a very good way to be read all around. I have little faith I can win this time, but who knows. While I wait I write my second novel. The important thing is never stopping, I guess.

Buceta é minha grande paixão
Penso nela e sobe-me o picão
Buceta, doce buceta
Sua falta causa-me halucinação

I recommend Triste fim de policarpo quaresma

>Escrevendo por motivos além do amor pela escrita
It's too late, you're already dead.

This is first poem Florbela Espanca wrote at age of 8.


"A Vida e a Morte

O que é a vida e a morte
Aquela infernal inimiga
A vida é o sorriso
E a morte da vida a guarida

A morte tem os desgostos
A vida tem os felizes
A cova tem a tristeza
E a vida tem as raízes

A vida e a morte são
O sorriso lisonjeiro
E o amor tem o navio
E o navio o marinheiro"

You should also check it out Eça de Queirós, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Jorge Amado, José Saramago, Almeida Garret..

I want to learn Portuguese, but I don't know on which dialect I should focus, whether the one from Portugal or the Brazilian one. What are the differences between the two? Does it matter whether I focus on one or not? I mainly want to read Pessoa, but I'd also like to read de Assis.

I'm a native speaker of Mexican Spanish, if that helps.

Portuguese here.

It all depends. It's all about pronunciation since with orthographic agreements that several Portuguese-speaking countries became closer to be same in way of writing. Not a thing that I agreed with, I write previously to OA of 1990.

For example, Italians learn it quicker because the way Brazilians talk it is more easier for them to understand. Since Italian language is spoken in a happy / singing way. That's the way their ears are trained to.

So, like I say, it all depends from what you want to do with that knowledge. If you want to read Fernando Pessoa, even more Assis, you need to get used to Portuguese from Portugal's vocabulary because it's a little different from Brazil.

i believe there's translations to Portuguese of Brazil there because they don't understand some of vocabulary from here, even more from 19th century.

ha fla-m, Nha Dunda, kus'e k'e batuku?
Nha nxina mininu kusa k'e ka sabe.

Nha fidju, batuku N ka se kusa.
Nu nase nu atxa-l.
Nu ta more nu ta dexa-l.
E lonji sima seu,
fundu sima mar,
rixu sima rotxa.
E usu-l tera, sabi nos genti.


Mosias na terreru
tornu finkadu, txabeta rapikadu,
Korpu ali N ta bai.
N ka bai. Aima ki txoma-m.
Nteradu duzia duzia na labada,
mortadjadu sen sen na pedra-l sistensia,
bendedu mil mil na Sul-a-Baxu,
kemadu na laba di burkan,
korpu ta matadu, aima ta fika.

Aima e forsa di batuku.
Na batuperiu-l fomi,
na sabi-l teremoti,
na sodadi-l fidju lonji,
batuku e nos aima.
Xinti-l, nha fidju.
Kenha ki kre-nu, kre batuku.
Batuku e nos aima!

Is this ironic?

I think it's written in Crioulo de Cabo Verde.

Calai

Montes

Vales e fontes

Regatos e ribeiros

Pedras dos caminhos

E ervas do chão,

Calai
Calai

Pássaros do ar

E ondas do mar

Ventos que sopram

Nas praias que sobram

De terras de ninguém,

Calai
Calai

Canas e bambus

Árvores e "ai-rús"

Palmeiras e capim

Na verdura sem fim

Do pequeno Timor,

Calai
Calai

Calai-vos e calemo-nos

POR UM MINUTO

É tempo de silêncio

No silêncio do tempo

Ao tempo de vida

Dos que perderam a vida

Pela Pátria

Pela Nação

Pelo Povo

Pela Nossa

Libertação

Calai - um minuto de silêncio...

uma preferida minha. alguém me fala "nossa user, que poema esquerdista!" respondei que me parece uma poema sobre coisas tradicionais, então mais do direito. opiniões?

bump

Don't be this pompous.

Brazilian literature is superior and this alone shows how better we are at your own language!

Gostei!

Muito obrigado :)

samefag